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29.4.10

Gaúcho - Introdução

Gaúcho é uma denominação dada às pessoas ligadas à atividade pecuária em regiões de ocorrência de campos naturais, entre os quais o bioma denominado pampa, supostamente descendente mestiço de espanhóis e indígenas. As peculiares características do seu modo de vida pastoril teriam forjado uma cultura própria, derivada do amálgama da cultura ibérica e indígena, adaptada ao trabalho executado nas propriedades denominadas estâncias. O termo também é correntemente usado como gentílico para denominar os habitantes do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Além disso, serve para denominar um tipo folclórico e um conjunto de tradições codificado e difundido por um movimento cultural agrupado em agremiações, criadas com esse fim e conhecidas como CTGs.

Poesia

O Rio Grande do Sul é muito rico na área da poesia. Temos muitos poetas importantes como Mário Quintana, Antonio Augusto Coronel Cruz, Jayme Caetano Braun e Vargas Neto. Abaixo,uma poesia tradicionalista,de Glaucus Saraiva:


Chimarrão
Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.


Para outras poesias gauchescas,clique neste link :
http://www.paginadogaucho.com.br/poes/lista.htm

Trajes Gaúchos




PILCHA: Um dos grandes diferenciais entre os povos é a indumentária característica de cada um deles.Reconhecemos um gaúcho atual pela sua pilcha, composta por botas, esporas, bombacha, faixa na cintura, guaiaca, camisa, lenço, colete, casaco ou jaqueta e chapéu. A vestimenta gaúcha tradicional sofreu mudanças durante os anos, principalmente por ser uma mistura das vestes das diversas nacionalidades que colonizaram o Rio Grande do Sul.
BOMBACHA: O tempo passa e o homem ganha nova vestimenta, com a entrada na Província do Rio Grande de São Pedro, da Bombacha, alça larga usada pelos homens que lutaram na Guerra do Paraguai. O homem começa a fazer uso do blazer , camisa , lenço e botas de couro. A mulher que vive com ele usa saia com camisa e fita no pescoço, sapatos de coro e meias.
LENÇO NO PESCOÇO: O lenço do gaúcho, em sua evolução desceu da cabeça ao pescoço de início ainda com as pontas para trás. Popularizou-se ao ser adotado, politicamente, como designativo de cor partidária. Para destacar a cor símbolo de luta, surgiu o lenço gaúcho nos moldes atuais, atado ao pescoço e solto ao peito. As cores mais tradicionais são a branca e a vermelha.


                                                           Boleadeiras.


Para facilitar a montaria, presas às suas cinturas por um tipo de cinto com diversos bolsos de couro, denominado guaiaca. É complemento o chapéu de barbicacho. Pode carregar boleadeiras (uma arma muito utilizada para caçar nas grandes pradarias do pampa), uma soga (corda) de couro torcido ou trançado com duas pedras redondas amarradas em cada uma de suas extremidades e outra corda de couro atada no meio dela com uma pedra menor na extremidade (chamada de "piedra chica"), formando uma ferramenta para caça ou captura de animais com três pedras, muito utilizada nos pampas da América do Sul.

Chimarrão

Poucas as bebidas representam à cultura de uma região do Brasil como o chimarrão representa o Sul. Tradicional símbolo da hospitalidade gaúcha, o chimarrão na verdade é herança da cultura indígena. Era o chimarrão, que eles chamavam de caá-i (água de erva saborosa) e disseram que seu uso fora transmitido por tupã. Irala (general paraguaio do século XVI) que levou a bebida  para outros países da América Latina, e seu consumo se difundiria entre os descendentes de espanhóis e índios do sul do continente. Ainda hoje é hábito fortemente arraigado no Brasil , parte da Bolívia  e Chile, Uruguai, Paraguai  e Argentina.É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate e água quente.Embora a acepção mate seja castelhana, é utilizada popularmente também no Rio Grande do Sul paralelamente com o termo "chimarrão".Chimarrão também designa o gado que foge para o mato e torna-se selvagem.Tem gosto que mistura doce e amargo, dependendo da qualidade da erva-mate.Um aparato fundamental para o chimarrão é a cuia, vasilha feita do fruto da cuieira, que pode ser simples ou mesmo ricamente lavrada e ornada em ouro, prata e outros metais, com a largura de uma boa caneca e a altura de um copo fundo, no formato de um seio de mulher. Há quem tome chimarrão em outros recipientes, mas a prática é geralmente mal vista.



                                         Tereré

Guampa,onde é servido o tereré.
Tereré, entretanto a pronúncia correta é tererê. Muitos creem que esta bebida é originária do Rio Grande do Sul pela sua "semelhança" de certa forma,com o chimarrão. Mas ao contrário do que pensam,o tereré nasceu no Paraguai e tem um sentido tradicional, medicamentoso e até mesmo cerimonial.É um símbolo de amizade,assim como o chimarrão. Diferentemente do chimarrão, que é feito com água quente, o tereré é consumido com água fria, resultando em uma bebida agradável e refrescante. Em sua produção, a erva mate utilizada no preparo do tereré difere da utilizada no chimarrão por ter de ficar em repouso por volta de oito meses, em local seco, e de ser triturada grossa depois disso. Devido ao fato das folhas serem cortadas grossas, ao contrário do chimarrão, o tereré não tem tantos problemas com o entupimento. Quando isso ocorre, geralmente é devido a uma grande quantidade de mate em pó, indicando má-qualidade da erva usada. Tradicionalmente, o recipiente usado para servir o tereré é a guampa, fabricado com parte de um chifre de bovino, com uma das extremidades lacrada com madeira ou couro de boi, e o seu exterior revestido por verniz. Usa-se também copos de alumínio, vidro, plástico, ou canecas de louça. 

Gastronomia


                                                  Gaúcho e prenda desfrutando um típico 
                                                             churrasco e chimarrão.


"A cozinha gaúcha é uma mistura de raças e tradições, onde o prato principal é servido com a lealdade e coragem deste povo destemido". O churrasco é o prato típico do gaúcho, presente nos finais de semana e em dias festivos. O arroz "carreteiro" também compõe a tradicional cozinha gaúcha. Outros pratos, como o feijão mexido (feijão misturado com farinha de mandioca), o quibebe (purê de moranga), a "roupa velha" (sobras de carne com ovos mexidos), o "espinhaço de ovelha", o charque com mandioca, a paçoca de pinhão com carne assado, a couve refogada, o arroz com galinha, o "puchero" (cozido de carne com legumes) e o peixe, fazem parte da culinária rio-grandense. Além disso, os pratos feitos por gaúchos caçadores envolvem perdizes, patos e animais de médio porte, como a cutia e o capincho.
Inúmeros pratos conservam, ainda, nome indígena ou africano; mas quase nada existe de autentico na substância real. Na alimentação do sul-rio-grandense, além das contribuições dos colonos de várias etnias, verifica-se a introdução de pratos internacionais.Para o estudo da cozinha gaúcha, devem-se considerar as particularidades regionais: a Praiana (à base de produtos do mar); a cozinha da Campanha e Missões (predominando as carnes vacum e ovina); a da região dos Campos de Cima da Serra (onde o pinhão tem presença e o café com graspa sobrepõem-se ao chimarrão). 

A utilização da mandioca e de seus produtos (farinha, tapioca, beju, pirão, mingau); o uso do milho assado, cozido e seus derivados (canjica, pamonha, pipoca, farinha); o aproveitamento, de plantas nativas (abóbora, amendoin, cara, batata-doce, banana, ananaz), é herança indígena na cozinha gaúcha.Carne de porco (assada e frita), wurst (lingüiça), chucrut (conserva de repolho), nudeln (massa) são heranças da Colônia alemã.

Palavras e expressões: - o falar gaúcho

O modo de falar do Rio Grande do Sul, a exemplo do de outras partes do Brasil, possui expressões próprias diferenciadas da linguagem padrão, algumas próprias de outros países do Prata ou da cultura urbana do Estado, não necessariamente fazendo parte da cultura original dos camponeses originalmente denominados "gaúchos". Porém, vale lembrar a forte influência do sotaque espanhol. Algumas gírias e expressões usadas pelos gaúchos e seus significados:

Abra o cavalo significa: retire o que disse.
Andar como cachorro que roubou toucinho -Andar ressabiado, arredio, desconfiado.
Bacalhau de porta de venda -Pessoa muito magra
Bater a canastra -Morrer.
Lançar um pealo -Lançar uma indireta.
Bergamota: tangerina, mexerica.
Charlar: Conversar, prosear.
Xerenga: faca velha, ruim.

A música gaúcha.

Existem vários ritmos que fazem parte da folclore riograndense, mas a maioria deles são variações de danças de salão centro-européias populares no século XIX. Esses ritmos, derivados da valsa, do xote (origem portuguesa),da polca e da mazurca (ambas originárias da Polônia) , foram adaptados como vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, polonoise e chimarrita, entre outras.

A partir de 1970, com a criação da Califórina da canção Nativa em Uruguaiana, começaram a surgir os festivais, que serviram de incentivo para músicos e compositores lançarem novos estilos, popularmente chamados de "música nativista". Essa música é formada por ritmos pré-existentes, especialmente a milonga e o chamamé, porém com canções mais elaboradas e com letras quase sempre dedicadas ao Rio Grande do Sul.
No Rio Grande do Sul também existe um ritmo chamado Tchê Music, que incorpora ritmos tradicionalistas com influências do Maxixe nordestino. Também é comum neste estado, entre os descendentes de alemães, a Música Folclórica Alemã, em festivais como a Oktoberfest de Igrejinha.




http://www.youtube.com/watch?v=1hesFHpV7d0
( acima,um vídeo que mostra um casal dançando o chamamé )